sexta-feira, 16 de maio de 2014

O primeiro livro de John Green, autor do queridíssimo A Culpa é das Estrelas, é também um livro marcante e cheio de interrogações. A edição que tenho é a da capa preta (que, particularmente, acho a mais bonita), publicada pela Martins Fontes.
 

Miles Halter é um adolescente fissurado por célebres últimas palavras que, cansado de sua vidinha pacata e sem graça em casa, vai estudar num colégio interno à procura daquilo que o poeta François Rabelais, quando estava à beira da morte, chamou de o "Grande Talvez". Muita coisa o aguarda em Culver Creek, inclusive Alasca Young, uma garota inteligente, espirituosa, problemática e extremamente sensual, que o levará para o seu labirinto e o catapultará em direção ao "Grande Talvez".

Antes de qualquer coisa, mais uma vez eu digo: nada de superestimar um livro! Quem é você, Alasca?, pode ser tudo, menos fofo. Não estou dizendo isso negativamente. É um livro muito bom, que abusa da intensidade adolescente para tocar...bem...adolescentes. O que quero dizer é que me identifiquei muito com o livro, especialmente com o Miles (e daí que sou menina?), mas convenhamos toda aquela intensidade de sentimentos é algo muito típico da idade e não torna os fatos mais bonitos.

É por isso que estou indo embora. Para não ter de esperar a morte para procurar o Grande Talvez.”


Se o Coronel pensava que me chamar de amigo ia me fazer ficar do lado dele, bem, ele estava certo.”

Enquanto Miles, com toda sua personalidade introspectiva, pensa demais e não age, Alasca, a garota furacão, é só atitude e reflexões filosoficamente exageradas. Nada mal. John Green acertou em cheio ao descrever personalidades tão antagônicas e perfeitas juntas. A estada de Miles no novo colégio tinha tudo para dar errado, especialmente ao se envolver com pessoas tão, erroneamente, legais. Enfim. As coisas ficavam cada vez mais interessantes para ele e seus novos amigos, enquanto uma nova forma de ver a vida desabrochava. Trotes, bebidas, cigarro, dentre outras coisas, tornaram a experiência de Miles uma loucura, com a adrenalina típica do esconde-esconde das crianças e, repleta da ânsia da juventude. Se eu tivesse que descrever o livro em uma palavra, diria intenso. Não intenso como um drama interminável, mas como um desespero momentâneo.

Não aconteceu nada. Mas o sofrimento está sempre presente, Gordo. Dever de casa, malária, o namorado que mora longe quando você tem um garoto bonito deitado ao seu lado. O sofrimento é universal.”


... se as pessoas fossem chuva, eu seria garoa e ela, um furacão.”


Mas que diabos significa instantâneo? Nada é instantâneo. Arroz instantâneo leva cinco minutos, pudim instantâneo uma hora. Duvido que um instante de dor intensa pareça instantâneo.”

Se me perguntarem do que mais gostei, diria que das datas. Tenho mania de olhar a data da primeira publicação de um livro, para saber em que época da minha vida terei que retornar no tempo. Para minha surpresa, Quem é você, Alasca?, é de 2005 e, adivinhe só, eu tinha a mesma idade que os personagens, na mesma época. Ainda bem que não conheci o livro antes. Sabe aquela história de “Deus não dá asas à cobra”? Então... outra coisa legal é o hobbie do Miles. Ele coleciona últimas palavras, ou seja, seus livros preferidos são biografias, especialmente aquelas que contam quais foram as últimas palavras ditas pelo biografado. Bem diferente, não?

Trata-se de um livro sobre amizade, amor e descoberta. Uma ótima dica para quem quer rir e chorar um pouquinho, lembrando daquela época difícil, ou não. Pode, e deve, ser lido em qualquer momento, com qualquer estado de espírito. Além disso, é um livro quase pequeno, com 226 páginas.

Quando os adultos dizem: 'Os adolescentes se acham invencíveis”, com aquele sorriso malicioso e idiota estampado na cara, eles não sabem quanto estão certos.(...) Pensamos que somos invencíveis porque realmente somos.”

Nenhum comentário :

Postar um comentário



© | 2015 | Mais um livro na estante | Todos os direitos reservados |