quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014


Sabem como é. As vezes, você conhece uma pessoa maravilhosa, mas apenas por um rápido instante. Talvez em férias, num trem ou até numa fila de ônibus. E essa pessoa toca sua vida por um momento, mas de uma maneira especial. E, em vez de lamentar o fato de ela não poder ficar com você por mais tempo ou por você não ter a oportunidade de conhecê-la melhor, não é mais sensato ficar satisfeito por ter chegado a conhecê-la um dia?

Lisa trabalha há anos como editora-chefe na Inglaterra e faz de tudo para subir ainda mais na vida. Seu objetivo é chegar a uma revista de Nova York, independente de quem tenha que passar por cima. Por causa disso, seu casamento chegou ao fim, se contenta em apenas fingir que come agitando a comida no prato, em fazer dietas mirabolantes para manter a forma, além de fazer desaparecer das araras algumas das roupas mais estilosas dos ensaios para a revista. E quando acha que sua grande oportunidade chegou, fica sem chão ao descobrir que foi, na verdade, escalada para uma revista na Irlanda, a Collen, sem mais opções.

Ashling vive uma vida mais ou menos. Terminou seu namoro há algum tempo, mas sempre que Phelim volta ao país tem uma recaída. Desempregada, nem acredita quando consegue uma vaga como editora assitente da Collen, mas se sente totalmente alheia ao mundo quando conhece sua chefe Lisa. Já próxima dos trinta, tudo o que Ashling desejava era uma família como a de Clodagh: casada com Dylan, um marido lindo e atencioso, que dava tudo que ela precisava, dois filhos ainda mais lindos, uma casa, um cartão de crédito, e nem precisava trabalhar. E as coisas estão prestes a mudar para Ashling. Quando ela conhece o comediante Marcus Valentine, vê nele, além de um namorado, um amigo e companheiro.

Clodagh tinha tudo o que planejara para sua vida. Mas se sentia como se precisasse de mais, como se não fosse completa. Vivia louca e entediada com a criação dos filhos, e já não conseguia mais olhar seu marido com toda a paixão que uma vez sentira por ele. Resolvida a mudar, começa a correr atrás de sua felicidade.


Apesar de alguns sentimentos adversos durante a leitura de Sushi,  em sua maioria o livro foi divertidíssimo. Me peguei gargalhando alto tantas vezes, que era impossível que não me olhassem meio atravessado. Fazia tanto tempo que eu não lia algo assim, que a história conseguiu até me deixar mais leve. Da mesma forma como em Melancia, o único outro livro que li da Marian Keyes, as situações são exageradas - característico dos chick-lits -, mas são tão bem encaixadas na história que é impossível não imaginar como seria se acontecesse conosco. Diferente desse, porém, Sushi tem muito menos lenga-lenga e muito mais fatos, o que dá mais agilidade à história.

Todo o livro, narrado em terceira pessoa, alterna a visão entre as três personagens principais, o que é muito bom, já que, com mentalidades e atitudes tão diferentes, não deixam a história esfriar. Tratando basicamente da busca pela felicidade, mostra como uma coisa que vale para uma pessoa, pode não valer para outra, ou ainda, como aquela coisa pela qual lutamos tanto, nem sempre é de verdade aquilo que nós queríamos.

Gostei muito de quase todos os personagens, inclusive dos secundários. Apesar de metida, egoísta e meio enjoada, pode-se entender o porquê das atitudes de Lisa, e é impossível deixar de dar crédito à sua auto-estima, segurança e determinação. Ashling, quase o inverso de Lisa, é um pouco medrosa, baixa auto-estima, e é sensível e um pouco doce. Clodagh foi a única das três que não gostei; até senti um pouco de pena no começo, mas depois vi que ela era, antes de mais nada, invejosa, e parecia querer a vida de Ashling para si.

Dos demais personagens, achei a equipe da Collen hilária. O Boo, tão inteligente e com uma ingenuidade tão branda, me deixou meio chorosa. A Joy e o Ted eram cômicos e, fora o fato dela querer empurrar para a Ashling os "piores homens famosos da Terra", eram os amigos que qualquer um gostaria de ter. Me apaixonei pelo Oliver, com seu jeito "paixão" de chamar Lisa. Imaginei o Dylan tão lindo, que era impossível entender todo aquele sentimento de indiferença da Clodagh. E o Jack, bom, eu gosto de homens sérios às vezes, dá um ar charmoso. Marcus Valentine, em compensação, era um cara bem mais ou menos, que durante o desenvolvimento da trama provou ser isso mesmo. Acredito, porém que, se qualquer um desses fosse tirado da trama, ela perderia bastante da sua graça.

Eu amei o livro, e já estou louca para ler mais alguns escritos por Marian. Minha experiência com Melancia tinha sido boa, mas não passou disso, então esse livro para mim foi uma surpresa bastante agradável. Recomendo para qualquer um que queira rir um pouquinho ;)

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